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Mostrando postagens de junho, 2024

A Beleza da Culpa Cristã, e o seu Tormento.

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  "Mãezinha, minha queridinha, dizia ele (tinha começado a usar aquelas palavras tão  simpáticas e inesperadas), minha pombinha querida e alegre, fica sabendo que, na verdade, cada um tem culpa perante todos, por todos e por tudo..." (Irmãos Karamázov Volume I, pg. 362).  O que há de tão belo nessa passagem, q ue nos faz olhá-la com admiração? Talvez seja o fato de haver aí um coração resignado, submisso e compassivo, capaz de carregar um fardo considerado pelo indivíduo secular bastante pesado. Por quê o mundo desconhece esse ensinamento, e é incapaz de segui-lo? Porque está impregnado até o âmago de amor-próprio, e egoísmo.  Antes de discutirmos e edificarmos a culpa pregada por Cristo, vamos entender o que é a culpa, e seu sentido para o indivíduo mundano. Culpa antes de mais nada significa responsabilidade. Daí se segue que um indivíduo considerado culpado é causa primeira do ato perpetrado. Dizemos que alguém é culpado na medida em que pode ser responsabilizado pela açã

O Cristianismo serve a que espectro político?

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  Se olhares para à esquerda não me achará, e se olhares para à direita também não, pois estou acima, e à terra não pertenço.  Sim, estamos acima; nós cristãos sobrevoamos o terreno; aqui vivemos, mas não estamos destinados a ficar aqui. É certo que a revolução francesa trouxe à esquerda a ideia de que o cristianismo servia aos interesses da burguesia. Segundo eles, a Igreja é uma instituição aristocrata, com intuito de alienar o povo, deixa-lo aquém das questões mais prementes da civilização, ou seja, seu bem-estar terreno e seus direitos cívicos. De certa forma a esquerda acabou por enclausurar o cristão, relacionando a imagem dele a direita, como se estivesse a seu serviço. Essa visão pode ser confirmada pelas próprias palavras de Marx, que via a religião como o ópio do povo - influenciado pelos franceses, sem sombra de dúvidas. A questão é que isso fez nascer no coração do revolucionário uma impressão vulgar e torpe do que é Cristo, tal visão criou o que podemos chamar de antissemi

Por que somos levados pela Beleza, e traídos por ela?

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Poucas coisas encantam mais do que alguém bonito. A visão é atraída, não consegue dizer não quando está diante de uma pessoa bela. Não há como escapar, a beleza do corpo nos arrasta. E é natural que seja assim, temos muito apreço por aquilo que podemos ver, sobretudo quando é agradável à visão. Mais comum ainda nos tempos atuais, pois a imagem faz parte da nossa vida. Jamais temos um momento sem admirar o aspecto físico das pessoas. No entanto, esse caminho pode nos levar a frustração.  É muitas vezes por ingenuidade que pecamos. É por sermos ludibriados por expectativas que descobrimos o terrível.  Não é segredo, todos nós somos mais complicados do que os outros pensam, e bem mais do que nós mesmos pensamos. Ninguém sabe ao certo o que quer; nossos desejos não são facilmente realizáveis; uma pessoa aparentemente segura de si pode se revelar a mais insegura de todas; na beleza, há ao mesmo tempo vaidade, e na vaidade, orgulho. Uma pessoa muito bela pode se tornar incapaz de se relacion

Por que os relacionamentos mundanos carecem de longevidade?

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O amor mundano é como as águas de uma cachoeira; começa forte, e termina fraco. Nada tão frágil quanto esse vínculo forjado nas terras do desejo. Afinal, o que move o relacionamento dos tempos atuais? O conforto, comodidade e ligeira satisfação. Alega-se que a intensidade prolonga a percepção do tempo. Um casal namora por três dias, casa no sexto, e no sétimo pede divórcio. Vivem em sete dias uma vida inteira, e com isso se sentem cheios de vitalidade; é uma mentira descarada, pois o que eles tem é a morte na alma. São incapazes de deixar os desejos morrerem, e em troca são mortos pelos próprios desejos, pois vivem numa percepção pobre do que é amor. Na verdade, essa palavra tão preciosa precisa ser preservada, e vamos por enquanto deixa-la longe do mundo; ao fazermos isso iremos guardar esse tesouro e dar a ele seu valor sagrado. Com isso digo: o que impera no mundo não é amor, e sim, paixão. A forte, ardente, e implacável paixão, ela deseja na medida em que mata. Ninguém me satisfaz

A tranquilidade da Vida Cristã.

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  O ateu está no temporal. Perceba que nessa pequena frase encontra-se o problema do ateísmo. Negando Deus e, consequentemente, a Imortalidade da alma, o ateu inevitavelmente cai em desespero - por mais convencido que esteja de sua beatitude. De maneira muito latente esconde-se no fundo de seu oceano a consciência de que a vida passará; todo castelo que construiu e construirá é feito de areia; qualquer casa erigida cai com o sopro do vento; o tempo, eis o maior inimigo do gentio. Em algum momento olhará para o horizonte e o pensamento escondido como um verme subirá pelas paredes e lhe dirá: tudo se esvai e, afinal, o que sou? O que é esse momento, minha vida pregressa e futura? Não há nada tão angustiante quanto a consciência de que seu tesouro mais precioso lhe será furtado. Sim, o ímpio nem suspeita, ou talvez esconda muito bem essa suspeita: o oceano se esvazia. Sendo feliz ou infeliz, cairá perante esse pensamento, porque o desespero reside no temporal, e é nele que o ateu vive. Or