Por que os relacionamentos mundanos carecem de longevidade?




O amor mundano é como as águas de uma cachoeira; começa forte, e termina fraco. Nada tão frágil quanto esse vínculo forjado nas terras do desejo. Afinal, o que move o relacionamento dos tempos atuais? O conforto, comodidade e ligeira satisfação. Alega-se que a intensidade prolonga a percepção do tempo. Um casal namora por três dias, casa no sexto, e no sétimo pede divórcio. Vivem em sete dias uma vida inteira, e com isso se sentem cheios de vitalidade; é uma mentira descarada, pois o que eles tem é a morte na alma. São incapazes de deixar os desejos morrerem, e em troca são mortos pelos próprios desejos, pois vivem numa percepção pobre do que é amor. Na verdade, essa palavra tão preciosa precisa ser preservada, e vamos por enquanto deixa-la longe do mundo; ao fazermos isso iremos guardar esse tesouro e dar a ele seu valor sagrado. Com isso digo: o que impera no mundo não é amor, e sim, paixão. A forte, ardente, e implacável paixão, ela deseja na medida em que mata. Ninguém me satisfaz e para sempre viverei sozinho. Que destino terrível.

"Ora, isso significa então que devo ficar com alguém pelo resto da minha vida? Apenas por que o amor - sim, eu quero chamar de amor e não paixão o que sinto por quem amo - que tenho se deixa apagar? Por que não sou capaz de estar com a mesma pessoa por muito tempo?" Ah não... pelo amor de Deus meus leitores, peço encarecidamente que não me interpretem mal; acreditem nesse vosso humilde e tacanho irmão, ninguém é obrigado a nada; ninguém deve acreditar em Deus, ou seguir a Deus, e nem mesmo deve amar alguém para o resto da vida. Façam como bem desejam. O ponto aqui não é esse; não quero ordenar nada, sou muito impotente para tanto. Quero apenas chamar atenção a um pequeno detalhe, vejam: vocês, grandes amigos e irmãos, seriam capazes de aceitar se relacionar, com quem quer que fosse, se houvesse prazo de validade? Antes de responder façam o seguinte: destinem algumas horas de reflexão nesse ponto, e de antemão levem em consideração o fato de que para nós, seres humanos, é impossível apagar o Eterno de nossas profundezas. O Eterno é o sentimento de infinita aventura, de infinito amor; é o impulso que quer ir até o fim e negar o fim; antes que digam que isso é uma construção social, o que bem, não entendo porque motivo pensariam tão pobremente dessa forma, pensem que ninguém poderia lhe impor essa ideia, já que nada no mundo é infinito; tem que estar em nós, da mesma forma que o verde está na arvore, como parte intrínseca dela. Por esse motivo, por mais que desejemos negar compromissos duradouros, longevos, e, se preferirem, Eternos, o sentimento que diz: eu quero para sempre ainda habita em nós, como uma luz que jamais se apaga; bom, isso é Deus... E o que Deus quer é que estejamos na Eternidade. No entanto, o relacionamento mundano desconhece a eternidade porque ela é pesada demais, carece daquele conforto, do sentimento de satisfação a todo custo. O Eterno requer antes de tudo: paciência, algo impossível para o mundano. 

Claro, é verdade que existe a possibilidade de dizerem: alguns relacionamentos mundanos tem longevidade, e alguns relacionamentos cristãos tem pouca duração; admito, esse é um bom ponto, mas não toca no essencial, porque o principal é que a longevidade mundana é apenas uma duração maior no mundo, e o término cristão, se conduzido de acordo com a compaixão e a compreensão, é um até logo no Eterno. Nesse ponto vemos que o compromisso proclamado por Deus é o único que possui a fidelidade necessária para satisfazer a ânsia humana. A verdade é que carentes dessa jura, nos tornamos indivíduos com muitos desejos, poucas satisfações, e terrivelmente incapazes de criar laços. 


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